Uma sextina quebrada para um herói esquecido.
Avisto o homem que carrega a pedra.
O homem sobe passo a passo a montanha.
Ao chegar no cume, vê cair a rocha.
Objeto perdido que estava em seus ombros.
O homem, então, sabe que deve dar a volta.
Desce agora a montanha, nos olhos, sombra.
Desce, o sol à pino não lhe faz sombra
Desce de novo busca a perdida pedra.
Busca a pedra sem pensar em sua iminente volta.
O homem está ali há tanto, que é parte montanha
A caída pedra aguarda o regresso aos ombros
Assim a volta ao cume fará do homem, rocha.
Mãos quebradas como uma velha rocha
O homem que fugiu de se tornar sombra
Um morto, carrega a vida nos ombros
Morto? Sabe-se vivo enquanto pedra.
Sabe-se homem, não todo montanha.
Condenado sempre ao caminho da volta.
Caminho andado nunca é apenas volta,
Assim como ele é homem e rocha.
Sabe não ser aquela a mesma montanha
Mesmo que à minha vista seja a mesma sombra
como a mesma é também outra pedra.
Outra nos mesmos cansados ombros
Em sua ciência que vem dos ombros
O homem sabe que jamais há volta
O Homem tira ensinamento da pedra
Pedra mesma e sempre outra rocha
como homem nunca deixa mesma sombra
subindo e descendo mesma e outra montanha
Avisto de longe o homem da montanha.
Seriam meus aqueles tristes ombros?
Minha a tosca e mal desenhada sombra?
Onde seria, então, minha saída de volta?
Eu que um dia sonhei ser uma rocha,
Espero ainda encontrar minha própria pedra.
Raïssa! Achei seu blog.
ResponderEliminarIncrível que vc conseguiu a sextina. Pena que não foi nessa aula, acho que os comentários teriam sido favoráveis... haha. Muito muito bom.
Amanhã leva a identidade.
Beijos!