quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Não deixo filhos. Morro inteiro.

Agora, comigo.

Ninguém se lembrará de mim.

Não apago. Não me arrependo.

Não permaneço.

Poucos amigos irão chorar a minha morte.

E já no terceiro copo de cerveja não falarão mais em mim.

Não deixo marcas fora as de meu próprio corpo.

Os vermes se alimentarão de mim

depois de saciados, me cagarão

depois de esvaziados

também eles se tornarão nada.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Filiação

Não me pareço com ela.

Meus olhos, esbugalhados, são de meu pai.

E também a cara, distraída e zangada

é a cara dele.

(Assim e talvez por isso mesmo, me tenha com tamanho desgosto)

Não me pareço com ela.

O jeito, dizem.

Mas é mentira –simulação.

Foi que , desde cedo, bem

pequena, observava.

A seguia pelo corredor -

quieta - logo atrás

um gesto percebido

mão passando pelos cabelos.

Ensaiei diante o espelho.

O jeito. Nada.

Isso é só o meu teatro.

http://soundcloud.com/editora-7letras/educa-o-ra-ssa-de-g-es/
Este é o link para ouvir o conto Educação, publicado no primeiro número da revista Lado7.